terça-feira, 14 de janeiro de 2020

2020!
Uma nova década.
Gostaria muito de dizer que o mundo melhora e que o futuro é uma luminosa promessa.
Não posso.
Queria dizer que caminho segura e confiante.
Quem dera.
Vou seguindo, vivendo um dia de cada vez, resistindo e procurando ver só o que a vida me traz de bom.

quinta-feira, 21 de março de 2019

E não é que ele ainda existe? Os blogs, antes tão requisitados, hoje são apenas fragmentos perdidos na imensidão da internet.
Volto depois, para resgatar alguns textos e provavelmente sepultar esse cantinho. Fui!

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

O tempo voa...

Título banal para uma constatação também banal.
Não foi um mês ou dois, foram 2 anos!

Só vim aqui para tirar o pó.
Manter a casa limpa.
Mesmo que no sofá, almofadas tristes gritem pelo calor dos abraços,
Mesmo que repousem, na mesa ainda posta, copos vazios de vinho e de risos.
Mesmo que as cortinas ainda cerradas não escondam tanta solidão.

Só vim aqui para tirar o pó.
Manter a casa limpa.
Por que ouço o barulho do elevador.
Por que a campainha ainda funciona.
Por que, por falta de uso, a porta range.

E eu ainda espero.
L.D.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Por mais que eu tente evitar, ainda fico triste e sinto dor, muita dor.
E são muitas as vezes em que ainda penso em desistir. 
Minhas esperanças duram tão pouco, acabam-se a cada noite. 
Meus sonhos são frágeis e se desfazem a todo momento.
Tenho enfrentado cada dia, todo dia, como paradoxos.
 Tão longos que me envelhecem e tão curtos que me anulam.
 E mesmo assim, me obrigo a dormir e acordar, dormir e acordar, dormir...
O sono se chega  -  profundo.
Promete paz, convida à eternidade, como águas tranquilas de um mar azul.
Água que tudo lava.
 E quase me deixo levar. 
 Tudo se faz quieto e me transformo em água-viva.
Líquida, transparente, metamorfose em comunhão com o nada.

E, então, a vida grita, como um tigre que ruge. 
Não há espanto, não há medo.São doces os olhos da fera. 
Afago seu dorso de pelos macios. 
Espero seu abraço. 
E me alimento da força da criatura. 
Por que animal, por que irracional, apenas é. 
Não trapaceia, não finge, apenas está lá. 
É isso que me faz voltar,  ficar. 
Por que é, por que está lá. E me chama.
                                                           Lucia D’Acri

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Outono

E o tempo passou. Mal me dou conta e já é abril.
Outono. E tudo muda. Tudo? na verdade, quase tudo.
Por que eu não? Eu continuo muda.
Não muda de flor, muda de calado, muda de tristeza.
Pendo de cansaço, e me pergunto até quando?
Até quando aqui? Eu que amareleço tanto quanto as folhas.
E mesmo assim, o vento não me leva.
Lá fora chove. E eu quase não choro.
Lucia D'Acri

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Desaparecido

Não a amava pela beleza. Até por que ela podia ser engraçadinha e até bonitinha, mas bela, bela, definitivamente não era.
Nem quando, ao vê-lo, seus enormes olhos brilhavam tão intensamente que faziam ainda menor o rosto miúdo.
Também não a amava pela inteligência. Não que fosse burra, não – definitivamente não. Em muitos momentos era sagaz e até sábia.
Mas quem se daria tanto, confiaria tanto se fosse lúcido e racional?

Pensando bem não a amava por nada que fosse dela – nem o rosto, o corpo, a mente, a alma. Nada.
Ele, egoísta, a amava por um único motivo: por que ela o amava.
E o amava tão plena e profundamente que ele se sentia único, poderoso e total.
Mas por ser amado com tanta delicadeza e liberdade, paradoxalmente, ele  sentia-se preso.

 Deixou-a  então.  Sorrateiro e mudo. Livrou-se do peso daquele amor compreensivo, parceiro mas já sem frescor.
Fugiu para a amplidão da vida cheia de surpresas que ela, tão previsível, não lhe oferecia.
Constrangido, escapou antes que ela pudesse amá-lo ainda mais. Já não satisfazia.
Cruel, de longe a viu definhar, esvaindo-se na dor dos não amados.
Enfim, entediado, apenas afastou-se e deixou o tempo passar.

 Amigos afinal, ele, elegante, achou que era hora de reencontrá-la .
E foi, como ela sempre achava, inteligente, divertido, culto e até mesmo surpreendente.
Mas estranhamente sentiu-se vazio e foi tomado de uma imensa dor.
Custou a perceber por que:  não via mais seu belo reflexo naqueles olhos tristes.
Ela, enfim, deixara de amá-lo. Assim. Sem alarde, sem lágrimas.

E só naquele instante ele, atônito, deu-se conta de sua tragédia.
Ele a amava por que ela  o amava.
E sem aquele amor ele não era ele. Desaparecia.
Ele simplesmente não existia.
                                     Lucia D'Acri

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Traurigkeit

Ainda criança lhe ensinam que é feio mentir.
E você acredita.
Logo aprende que certas verdades não devem ser ditas. É feio.
E você acredita. E cala.
Depois entende que viver é uma grande farsa.
E você não acredita mais. E cala. E sofre.
Então descobre que a verdade também é feia.
                             Lucia D'Acri

ps. E quando me perguntassem como estou, gostaria de poder responder que se tristeza desse pernada, hoje eu não levantava do chão de tão decepcionada, amargurada e descrente. Assim mesmo - dura, rude, chocante e cínica, mas só verdade.